quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Orientações da Igreja aos casais de segunda união

Os casais não devem se afastar da Igreja





Na Exortação Apostólica do Papa João Paulo II, a “Familiaris Consortio” (Sobre a Família), o saudoso Papa polonês deixou orientações claras, da Igreja, sobre esses casais. São pessoas divorciadas que contraíram nova união fora da Igreja. O Pontífice pediu que eles “não se considerem separados da Igreja, podendo, e devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança” (n.83). São palavras claras.

:: A espiritualidade dos casais em segunda união
:: O que um casal de segunda união pode fazer na Igreja? 
:: Nulidade do matrimônio: conheça algumas causas

Mas o Santo Padre deixa claro o seguinte: “A Igreja, contudo, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à Comunhão Eucarística os divorciados que contraíram nova união. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio”. 

E explicou que só poderiam se confessar e comungar, “quando o homem e a mulher, por motivos sérios - por exemplo, a educação dos filhos - não se podem separar, «assumem a obrigação de viver em plena continência, isto é, de abster-se dos atos próprios dos cônjuges». João Paulo II proíbe os pastores, por qualquer motivo ou pretexto, mesmo pastoral, de fazer, em favor dos divorciados que contraem uma nova união, cerimônias de qualquer gênero, porque estas dariam a impressão de celebração de novas núpcias sacramentais válidas, e consequentemente induziriam em erro sobre a indissolubilidade do matrimonio contraído validamente. E termina afirmando que “mesmo aqueles que se afastaram do mandamento do Senhor e vivem agora nesse estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação se perseverarem na oração, na penitência e na caridade”. 

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) repete esta mesma orientação nos parágrafos 1651 e seguintes. O Papa Bento XVI confirmou esse ensinamento. Esses casais podem e devem verificar se o primeiro casamento deles foi válido. Se for o caso podem entrar com a Petição no Tribunal da Igreja para solicitar a Declaração de Nulidade de seus casamentos. Muitas são as razões que podem levar o Tribunal a declarar a nulidade de um casamento. Como recomendou o Papa João Paulo II esses casais não devem se afastar da Igreja, e devem pedir a Deus, sem cessar, a graça de resolverem essa situação. E que as comunidades os ajudem. 


Felipe Aquino
felipeaquino@cancaonova.com
Prof. Felipe Aquino @pfelipeaquino, é casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Pergunte e Responderemos". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor:www.cleofas.com.br


Como educar um filho para não se tornar um adulto agressor?





 Recordo-me dos momentos em que eu brincava de roda com meus vizinhos. Fazíamos uma fila, e duas crianças de mãos dadas representavam uma ponte. Nós tínhamos de passar por baixo dos braços delas, cantando: "três, três passará, derradeiro ficará. Bom vaqueiro, bom vaqueiro, dá licença pr'eu passar com meus filhos pequeninos, pr'eu acabar de criar". Ao parar diante das crianças com os braços em forma de ponte, respondíamos o que elas nos perguntavam. Banana ou maçã? Dependendo da resposta, cada criança ia para um lado; assim, a brincadeira chegava ao fim. 

Desde essa época, eu ficava imaginando o quanto seria bom para os pais terminarem de criar seus filhos. Hoje, a experiência de ser mãe encoraja-me a pedir licença para acabar de criá-los. Pedir licença a quem? Pedir licença para quê? A este mundo descrente, para não sermos engolidos e afetados por nossas negligências. Pedir licença à violência, à falta de tempo para o outro, à intolerância, à impaciência, à falta de comunicação, à falta de afeto, de fé e de atenção. É preciso pedir licença, caso contrário, não saberemos ou não conseguiremos acabar de criar nossos filhos. Portanto, faz-se necessário escolher o melhor lado: banana ou maçã?  

Fazer essa escolha é educar os filhos para que não se tornem adultos agressores. É decidir por um planejamento familiar que promova a vida e diga 'não' à cultura de morte. Contudo, essa opção exige de nós disponibilidade para cultivarmos relações humanas fortalecidas na verdade e no respeito, evitando desgastes perturbadores tanto para os pais quanto para os filhos. 

Cabe à família selecionar quais conteúdos ela gostaria que seus filhos aprendessem, a fim de não se tornarem adultos agressores. Para tanto, olimite precisa ser dado com ternura e serenidade, pois, desta maneira, como pais, possibilitaremos o conhecimento e a compreensão dos filhos com seus próprios sentimentos. A agressividade é um comportamento vivido por pais e filhos devido a vários fatores, quer seja por perdas significativas, falta de atenção e afeto, quer por excesso de reforço negativo; até mesmo pela falta de experiência com Deus.
O organismo humano, controlado aversivamente por esses estímulos, responde, muitas vezes, de igual forma, ora com mentiras, ora com atitudes de furtos ou incomodando socialmente, assumindo uma conduta caótica diante dos conflitos. Provavelmente, já estará instalado, nesse comportamento, a raiva. Ela nem sempre precisa ser repreendida, mas acolhida para que seja trabalhada da melhor forma possível; evitando, assim, consequências danosas, como o próprio comportamento agressor. 
Neste século, estamos vivendo distúrbios comportamentais motivados por vários fatores que demarcam a agressividade. A exemplo do bullying, da violência entre torcidas nos campos de futebol e do que aconteceu em nosso país recentemente, quando os brasileiros se manifestaram diante das suas insatisfações, podemos apresentar um comportamento agressor tanto na infância como na fase adulta.

Nesse momento, não podemos esquecer que o indivíduo saiu de um útero, foi educado em uma família, frequentou uma escola e, muitas vezes, visitou uma igreja. Portanto, uma educação pautada na promoção do indivíduo é responsabilidade de todos: família, sociedade e Estado.

Quando nosso filho demonstrar que precisa de ajuda, pois o seu comportamento está inadequado, deveremos acolhê-los em suas necessidades. 
É possível reestruturar o seu comportamento. Podemos desenvolver em nós algumas habilidades para combater essa situação quando as coisas não vão bem. Outros motivos que concorrem para a existência desse fenômeno é o consumismo, a pressa em satisfazer os desejos, o uso desordenado de jogos e a ausência de autoridade em casa. Conhecer as características da faixa etária do seu filho, também se torna um fator preventivo. Fiquemos atentos às brigas na escola, às dificuldade no enfrentamento dos desafios, ao comportamento de medo e ansiedade, à arrogância, à baixa autoestima e introspecção. É de bom vaqueiro que queremos ser!

Vamos assumir o amor que temos por cada um deles, expressando em gestos e palavras o quanto são queridos por nós. Que eles não são responsáveis pela dureza da vida que muitos pais vivem. Nossos filhos, para não serem adultos agressores, precisarão ter a certeza de que são desejados por nós.

Judinara Braz 

Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing
Psicóloga – Abordagem Análise do Comportamento
Autora do Livro Sala de Aula, a vida como ela é
Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA)


O exercício da caridade?


O amor a Deus na concepção cristã



"O amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais para cada um dos fiéis, mas é-o também para a comunidade eclesial inteira (...) A Igreja também enquanto comunidade deve praticar o amor" (Deus caritas est)

O amor a Deus, na concepção cristã, jamais vem desvinculado do amor ao próximo. E esse amor não se traduz apenas num sentimento de querer bem as pessoas ou torcer pela felicidade de quem quer seja. O amor cristão tem nome e é manifestado em gestos e atitudes que promovem o bem e a felicidade do outro. Não se pode imaginar um seguidor de Jesus que não se revista dos gestos de amor e de caridade, marcas da vida do Mestre no meio de nós. Ele amou os pobres e os pecadores, acolheu quem era marginalizado pela sociedade da época. Cristo fez-se amigo dos excluídos e cuidou dos famintos. Ele teve compaixão dos sofredores e mostrou um amor singular pelos doentes e enfermos. A caridade do Mestre Jesus era presente em cada uma de Suas atitudes e ações de promoção da vida e da dignidade da pessoa humana.

A Igreja, ao longo dos tempos, é a continuadora da ação de Cristo na humanidade. Ela não faz caridade como gesto de benevolência, mas com atitude de conversão e acolhida aos preferidos do Senhor. A missão dela é a mesma do bom samaritano do Evangelho: cuidar das feridas, das dores e dos sofrimentos de todos os homens. Especialmente daqueles que foram saqueados e roubados de sua dignidade pela perversidade e pelo egoísmo dos homens. O exercício da caridade, na Igreja, é feito nos hospitais, nos asilos, nas creches, nos centros de atendimentos, nas pastorais sociais, nas iniciativas de caridade e de solidariedade locais e internacionais. 

A ação caritativa da Igreja não pode ser feita apenas de modo institucional. É um dever de cada cristão promover a caridade no meio em que ele vive. Não se vive a fé só com orações, preces e boa vontade, mas precisamos “arregaçar as mangas" e fazer nossa parte. Onde existir um pobre, um doente, um marginalizado ou alguém sofrendo, ali deve estar presente o cristão. Mais importante do que doar algo ou desprender-se de alguma coisa em favor dos necessitados, é preciso "doar-se  a si mesmo". É preciso ouvir, dar do nosso tempo e da nossa atenção para o outro. Depois, movidos pelo Espírito do Senhor, Ele mesmo vai nos inspirar palavras, gestos, atitudes e práticas para fazermos o melhor para a necessidade do outro.

Muitas vezes, passamos tempos demorados em nossas igrejas e nas celebrações, mas quase não dedicamos tempo algum para o exercício da caridade. Nossa fé não pode ser apenas de louvor e contemplação, pois o mesmo Cristo que adoramos nos sacrários de nossas igrejas precisa ser amado, venerado e contemplado no sofrimento e nas dores dos irmãos que sofrem ao nosso lado. A carne de Cristo, na Eucaristia, é a mesma carne sofrida e malcheirosa dos irmãos e irmãs de nossas ruas e de nossa sociedade. O Cristo Jesus, que nasceu em Belém, está mais vivo nos sofredores da humanidade do que nas imagens dos presépios de nossas lojas, casas e igrejas. Que nossa caridade nos mova ao encontro de Cristo, onde Ele precisa ser amado e cuidado.

.Padre Roger Araújo
Da comunidade Canção Nova

O que é castidade?

O que é castidade?


O domínio de si mesmo é fundamental para a pessoa ser capaz de se doar aos outros

O sexo tem um sentido muito profundo; é o instrumento da expressão do amor conjugal e da procriação. Toda vez que ele é usado, antes ou fora do casamento, de qualquer forma que seja, peca-se contra a castidade.
A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual (Cf. Gl 5,22-23). O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo (Cf. Catecismo da Igreja Católica - CIC §2345).
“E todo aquele que nele tem esta esperança, se torna puro como ele é puro” (1Jo 3,3). A castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e, com isso, a unidade do homem em seu ser corporal. Para se viver uma vida casta é necessária a aprendizagem do domínio de si; ou o homem comanda suas paixões e obtém a paz ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz.
Santo Agostinho disse que: “A dignidade do homem exige que ele possa agir de acordo com uma opção consciente e livre, isto é, movido e levado por convicção pessoal e não por força de um impulso interno cego ou debaixo de mera coação externa. O homem consegue esta dignidade quando, libertado de todo cativeiro das paixões, caminha para o seu fim pela escolha livre do bem e procura eficazmente os meios aptos com diligente aplicação.” (Confissões, 10,29,40).
Para se viver segundo a castidade é preciso resistir às tentações por intermédio dos meios que a Igreja nos ensina: fugir das tentações, obedecer aos mandamentos, viver uma vida sacramental, especialmente freqüentando sempre a Confissão e a Comunhão, e viver uma vida de oração. Muito nos ajuda nisso a reza do santo Rosário de Nossa Senhora e a devoção e auxílio dos santos (cf. CIC §2340).
Santo Agostinho afirmou também que: “A castidade nos recompõe, reconduzindo-nos a esta unidade que tínhamos perdido quando nos dispersamos na multiplicidade” (Confissões, 10,29,40).
A virtude da castidade é comandada pela virtude cardeal da temperança, que faz depender da razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana (cf. CIC §2341). O homem que vive entregue às paixões da carne, na verdade, vive de “cabeça para baixo”; sua escala de valores é invertida; torna-se fraco. Não é mais um homem; mas, uma caricatura de homem.
Infelizmente, a sociedade hoje ensina os jovens a darem vazão e satisfação a todos os baixos instintos; essa “educação” é uma forma de animalizar o ser humano, pois coloca os seus instintos acima de sua razão e de sua espiritualidade.
O domínio de si mesmo é fundamental para a pessoa ser capaz de se doar aos outros. A castidade torna aquele que a pratica apto para amar o próximo e ser uma testemunha do amor de Deus. Quem não luta para ter o domínio de si mesmo é um egoísta; não é capaz de amar. Por isso, a castidade é escola de caridade. A Igreja ensina que: “Todo batizado é chamado à castidade. O cristão “se vestiu de Cristo” (Cf. Gl 3,27), modelo de toda castidade. Todos os fiéis de Cristo são chamados a levar uma vida casta segundo seu específico estado de vida. No momento do Batismo, o cristão se comprometeu a viver sua afetividade na castidade” (CIC §2348).
Santo Ambrósio ensinava que: “As pessoas casadas são convidadas a viver a castidade conjugal; os outros praticam a castidade na continência; isso significa viver a vida sexual apenas com o seu cônjuge. Existem três formas da virtude da castidade: a primeira, dos esposos; a segunda, da viuvez; a terceira, da virgindade. Nós não louvamos uma delas excluindo as outras. Nisso a disciplina da Igreja é rica (Vid. 23)” (CIC §2349).
Também os noivos são chamados a viver em castidade. A vida sexual só deve ser vivida após o casamento, pois só então o casal se pertence mutuamente, e para sempre, com um compromisso de vida assumido um com o outro para sempre.
“Os noivos são convidados a viver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade” (CIC §2350).